Depósito compulsório: entenda esse mecanismo do Banco Central

Depósito compulsório obriga bancos a alocar recursos em conta no Banco Central. Entenda como isso afeta seu dinheiro.

O depósito compulsório é uma regra que se aplica às instituições bancárias no Brasil, mas que também interessa a todo cliente do sistema financeiro.

Normas obrigam que os bancos mantenham parte do seu dinheiro retido junto ao Banco Central (Bacen). A medida tem o objetivo, entre outros, de tornar mais seguras as aplicações financeiras dos brasileiros. 

E é justamente por afetar também o seu dinheiro que vale a pena acompanhar este artigo até o final.

A partir de agora, vamos explicar o que é depósito compulsório, como funciona e de que maneira ele têm relação com seus investimentos e com a economia brasileira.

Acompanhe!

O que é depósito compulsório?

Para entender o que é depósito compulsório, precisamos de uma rápida contextualização.

O negócio de uma instituição bancária é, basicamente, obter retorno financeiro sobre a intermediação entre quem tem dinheiro e quem não o tem.

Em outras palavras, as instituições recebem depósitos de algumas pessoas e os repassam com juros – como empréstimos, financiamentos e outros produtos – àqueles que precisam de algum valor. Para tanto, os bancos devem dispor de um saldo que reúne reservas próprias e de clientes. 

Mas o que nem todo mundo sabe é que esse valor não fica totalmente disponível no mercado financeiro. Não faria sentido ter trilhões de reais circulando em cédulas por suas agências.

É nesse sentido que começamos a avançar sobre o conceito de depósito compulsório.

No Brasil, a política monetária regula a quantidade de dinheiro em circulação. Entre outras medidas, ela estipula um percentual que deve ficar reservado no Banco Central. Dessa maneira, o depósito compulsório é uma parcela do saldo dos bancos comerciais que fica retida no Bacen.

Para que serve o depósito compulsório?

Também chamado de recolhimento compulsório, ele tem duas funções principais, que são:

  1. Regular a quantia de dinheiro disponível na economia;
  2. Proporcionar certa margem de segurança aos depósitos dos clientes.

Lembre-se da regrinha básica de oferta e demanda: quanto maior a quantidade disponível de um item, menor será seu valor, e vice-versa. A mesma lógica se aplica às políticas monetárias.

Assim, mais dinheiro circulando na economia significa taxas mais baixas para o crédito.

Da mesma maneira, quando há escassez de moeda em um mercado, os juros para a tomada de empréstimos ficam mais caros. Por isso, o depósito compulsório é uma ferramenta da política monetária para aumentar ou diminuir o volume de moeda circulando na economia. 

Com esse instrumento, as taxas de juros e a oferta de crédito podem ser alteradas, aquecendo ou retraindo os números econômicos do país.

Além disso, o recolhimento compulsório garante que uma parte do dinheiro investido pelos clientes fique em segurança junto ao Banco Central. Por regra, os valores devem ser mantidos em aplicações financeiras de menor risco, como títulos públicos.

No caso de quebra da instituição financeira ou uma grande corrida dos clientes para saque dos valores, por exemplo, haverá um saldo reservado para isso no Bacen.

Como o depósito compulsório funciona?

De forma bem simplificada, o depósito compulsório é realizado pelos bancos comerciais todos os dias.

De acordo com a política monetária vigente, as instituições financeiras devem reservar uma parte do seu saldo em aplicações de menor risco.

A proporção vai variar segundo os tipos de depósitos – como vamos ver na sequência – e com os percentuais definidos pela equipe econômica do governo.

Tipos de depósitos

O termo “compulsório” se aplica a seis formatos de depósitos realizados pelos clientes. 

Para cada modalidade, existem regras específicas e alíquotas de recolhimento:

  1. Depósito à vista: 21%;
  2. Depósito a prazo: 31%;
  3. Depósito de poupança: 20%;
  4. Garantias realizadas: 45%;
  5. Direcionamento de Poupança: 65%;
  6. Direcionamento de Microfinanças: 2%.

Qual a relação entre o recolhimento compulsório e investimentos?

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Você viu que os bancos devem manter um percentual do seu saldo recolhido junto ao Bacen, certo? Mas o que isso pode afetar nos seus investimentos?

Nem sempre as instituições financeiras têm diariamente o valor que devem depositar de forma obrigatória. 

Por isso, elas fazem uma espécie de empréstimo entre si para compensar a diferença e, assim, se manterem regulares. A troca de dinheiro entre os bancos é feita com juros através dos Certificados de Depósitos Interbancários – CDI

A rentabilidade de muitas aplicações financeiras está diretamente atrelada à taxa do CDI, especialmente às de renda fixa, como CDB, LCI/LCA e outras. Assim, quanto maior a necessidade de empréstimos entre os bancos, maior o CDI.

O que pode mudar no depósito compulsório

A equipe econômica do atual governo vem afrouxando, gradativamente, o percentual de recolhimento compulsório dos bancos brasileiros.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou em entrevista em fevereiro que “outros países operam com nível de compulsório muito mais baixo do que a gente opera”.

Dessa forma, a tendência para os próximos períodos é uma redução das taxas do compulsório.  A expectativa é que, com a medida, os bancos passem a ofertar mais crédito. 

Consequentemente, espera-se que as taxas de juros de empréstimos e outros produtos financeiros fiquem menores. A decisão fica a critério dos bancos.

A redução média de 8,5 pontos percentuais nos recolhimentos compulsórios faz o Banco Central estimar a liberação de R$ 49 bilhões na economia.

Por isso, é recomendado ficar sempre de olho nas próximas medidas do Bacen e verificar como vai se comportar o volume maior de dinheiro na economia.

Aqui, na Capital Research, você se mantém atualizado. 

Por isso, acompanhe nosso blog e saiba tudo sobre dinheiro e investimentos.

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