Integração vertical: o que é e os efeitos em negócios e investimentos

Entenda como funciona a integração vertical e quais cuidados é preciso tomar na hora de investir em ações de empresas que estão passando por este processo.

Integração vertical

Este é um exemplo clássico: quando uma empresa focada na área de distribuição passa também a atuar na produção do que ela vende, ela está colocando em prática a integração vertical. Trata-se de um processo de reconfiguração dos processos, que passam a agregar etapas em uma mesma cadeia de valor. É uma estratégia de expansão que costumam envolver, geralmente, processos de fusão e aquisição (Mergers and Acquisitions ou M&A) e podem ter aplicações nos mais diversos segmentos de indústrias e negócios.

Dentre os benefícios desse tipo de implementação estão: a empresa tornar-se referência, ter mais controle, ampliar a distribuição, melhorar a sua posição diante da concorrência, entre outros. Do ponto de vista dos investimentos, por ser um tema geralmente relacionado a processos de M&A, trata-se de uma pauta que desperta bastante influência seja no interesse ou na cautela dos acionistas e futuros investidores.

Entenda a diferença entre integração vertical e horizontal

Já iniciamos o artigo citando essa diferenciação, mas trazemos aqui novamente as características das integrações vertical e horizontal e como elas se relacionam com os negócios e a indústria.

A integração vertical está ligada à flexibilização dos processos de produção, para ampliar o mercado e, assim, alcançar setores específicos.

Uma empresa do setor de petróleo, por exemplo, que atua na extração desse recurso, em alguns casos, também é a responsável pelo refino do combustível. Em uma hipótese de integração vertical, a mesma companhia poderia conduzir, inclusive, a venda aos postos de combustível e o transporte desse material.

Já a integração horizontal é a ampliação da atuação de uma empresa a partir do processo de unificação de duas companhias, geralmente do mesmo setor de atividade e com produção semelhante.

A sua horizontalidade está, justamente, na expansão desse mercado, que consolida corporações e, frequentemente, chega a extinguir do cenário algum tipo de concorrência, por meio de M&A.

Tipos de integração vertical

Além da diferença entre integração vertical e integração horizontal, é importante saber que, no primeiro caso, existem ainda duas possibilidades de aplicação no mercado como um todo.

São elas a integração vertical a montante e a integração vertical a jusante, que serão detalhadas em seguida:

  • Integração vertical a montante

Quando uma empresa adquire outras companhias que vão produzir as matérias-primas ou componentes do seu produto final, ela recebe essa classificação de integração vertical a montante (substantivo que refere-se à subida da maré).

  • Integração vertical a jusante

No caso da integração vertical a jusante, é o modelo em que a aquisição é feita sobre empresas responsáveis pela distribuição ou venda dos produtos.

Também é aplicado quando a organização cria essas empresas que vão dar capilaridade a esses processos de entrega (substantivo que refere-se à descida da maré).

Exemplos de integração vertical nas mais diversas indústrias

A melhor maneira de compreender a aplicação dos processos de integração vertical se dá por meio das aplicações práticas – muitas delas amplamente divulgadas no noticiário econômico.

No mercado automobilístico, o exemplo da BMW é o mais comentado para exemplificar a integração vertical. A marca alemã trabalhava, inicialmente, produzindo motores de avião.

Um obstáculo histórico (a Primeira Guerra Mundial) fez com que a fábrica tivesse de voltar a produção para motores de carros. Com o passar do tempo, a BMW tornou-se também uma fabricante de veículos.

E tem mais: esse exemplo que configura uma integração vertical a montante também se alinha com um exemplo a jusante: a BMW possui lojas próprias ao redor do mundo, para venda dos seus produtos.

Na indústria de saúde, há casos de empresas de planos e convênios médicos que investem na aquisição ou construção de laboratórios e hospitais, com foco no atendimento a seus clientes.

Há, também, o caminho inverso: redes de hospitais que desenvolvem planos de saúde próprios.

Os reflexos da integração vertical no interesse de investidores

Ao trilhar os caminhos da integração vertical, as empresas se inserem em um posicionamento estratégico que favorece o ganho de poder de mercado.

E quando se está no comando em diversas etapas do processo, a organização tende a representar um fortalecimento da companhia ante às oscilações e incertezas que a economia e o mercado possam oferecer.

Nesse sentido, quando a estratégia é certeira, durante o processo de integração vertical, espera-se benefícios como incremento em qualidade dos produtos oferecidos e bons resultados na operação.

O domínio sobre os concorrentes também é um atrativo ao olhar dos investidores.No entanto, como quase todo entendimento de mercado, existem outras vertentes quanto à aplicação desse conceito nas indústrias em geral. Como possíveis efeitos colaterais da integração vertical, está o alto investimento nessas etapas.

É necessário que os gestores tenham pleno conhecimento dos próximos passos da medida, pois o capital investido deve ter o seu retorno devidamente planejado nesse processo.

Do ponto de vista da gestão de pessoas, a integração vertical reúne organizações que são, muitas vezes, completamente diferentes em termos de atividade e de cultura de empresa. É preciso que o alinhamento seja feito, para que não surjam problemas com o capital humano.

Por fim, todo processo de M&A tende a estar sob os olhos dos órgãos reguladores desse tipo de fusão. Ao ter seu negócio ampliado, envolvendo diversos setores da cadeia, existe o risco de serem questionados sobre o tamanho de sua atuação, para evitar práticas que caracterizem monopólio.

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