Keynesianismo: o que é e como a teoria entende o papel do Estado

Entenda a diferença entre Keynesianismo, Liberalismo e Neoliberalismo, seus conceitos, exemplos, elogios, críticas e qual sua relação com o mercado financeiro.

Houve um momento no século XX em que o mundo ocidental ainda se debruçava sobre as teorias políticas do Liberalismo, quando foi surpreendido por uma grande crise econômica em 1929. Nesse contexto, surge o Keynesianismo, no ano de 1936. Seus conceitos vieram do trabalho de pesquisa do economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946). 

Para a chamada doutrina Keynesiana, o Estado pode (e deve), sim, atuar para conter o desequilíbrio na economia. Nessa proposta constam, inclusive, investimentos públicos para aquecer o cenário econômico em geral. 

As teorias de Keynes foram aplicadas em casos famosos, como na implementação do “New Deal” na economia norte-americana, pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt, nos anos 1930. No entanto, o caráter cíclico das teorias econômicas fez com que o Keynesianismo voltasse à pauta no final da década passada, com a crise de 2008.

Quem foi Keynes?

Apesar de ter morrido em meados dos anos 1940, a influência do britânico John Maynard Keynes foi tamanha no século XX que seu sobrenome é homenageado em uma escola inteira da economia moderna. 

A maior parte de suas ideias da economia Keynesiana eram revolucionárias e, frequentemente, controversas. Apesar da forte influência nesse segmento, teve seus escritos reconhecidos ao lado de grandes literatos, como Virginia Woolf e Bertrand Russel. 

Causou grande repercussão com seu livro As Consequências Econômicas da Paz, que analisava as exigências de reparação feitas contra a Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.

Nessa obra, Keynes previa que, se a Alemanha tentasse pagar toda a quantia exigida, seria um país permanentemente pobre e politicamente instável. Todos sabemos o que poderia vir a acontecer nos anos seguintes, não é mesmo? 

O que o Keynesianismo tem de diferente do Liberalismo e do Neoliberalismo?

Os pontos em que diferem as correntes econômicas são fundamentais para o entendimento dessas formas de encarar os cenários nas diferentes fases da história.

Pensando nisso, vamos trazer, de forma resumida, um pouco da essência do Keynesianismo, Liberalismo e Neoliberalismo. 

 

Keynesianismo

É a doutrina político-econômica que prega que o Estado exerce papel dominante na organização de uma nação. Defende a proposta de que a figura do Estado deve oferecer condições sociais aos trabalhadores, como deveres a serem cumpridos. 

Além dessas questões, aborda características como redução da taxa de juros, garantia do pleno emprego, entre outras. Essa doutrina é oposta ao liberalismo, como veremos logo abaixo.

 

Liberalismo

Baseado nos estudos do economista Adam Smith, em 1776, o liberalismo tem forte apelo à democracia e ao livre mercado. Nesse cenário, o Estado deve interagir minimamente na economia.


Neoliberalismo

A teoria do liberalismo, com o passar dos anos, foi atualizada, passando a ser chamada de neoliberalismo, um conceito que recebeu forte influência da globalização. 

Como já citado no início deste artigo, o Keynesianismo se fortalece nos anos 1930, após a queda da Bolsa de Nova Iorque. 

No entanto, a partir da década de 1970, quem aparece com novas propostas, como a abertura do comércio internacional e o forte movimento de privatização de estatais, é o neoliberalismo. 

Quais as principais críticas ao Keynesianismo?

Existem alguns pontos da teoria criada por Keynes que foram alvos de diversas críticas em sua essência e aplicação. 

Uma das primeiras avaliações negativas do sistema o acusavam de ser muito próximo ao socialismo, já que defendia a forte intervenção estatal — o que nunca foi uma intenção do seu criador, que não apoiou a completa estatização econômica, pois era um capitalista, favorável à iniciativa privada.

Outro ponto que é, frequentemente, colocado como uma consequência negativa das aplicações das teorias Keynesianas está diretamente ligado ao endividamento dos países. 

Segundo essa crítica, levando em conta que a teoria coloca nas mãos do Estado a possibilidade de intervenção, geração de emprego etc, esse tipo de investimento costuma a ampliar os valores das dívidas públicas. 

Para gerar emprego e bem-estar social, muitas vezes, os governantes passam a utilizar as reservas dos cofres públicos e, assim, aumentam as chances de aumento de dívida externa. 

Do ponto de vista da alta de preços, o intervencionismo para garantir empregos pode resultar em aumento da inflação. E com isso, os trabalhadores que passam a consumir menos. 

O Keynesianismo e o mercado financeiro

Para falarmos sobre a influência do Keynesianismo no mercado financeiro, é importante levantar a biografia do teórico que era, ele próprio, um investidor.

Mais especificamente, um investidor que perdeu 80% do seu patrimônio com a crise que se instaurou no mundo no final da década de 1920. Na verdade, foi essa queda nas suas riquezas que o deixou obcecado para reformular uma teoria econômica que reaquecesse a economia. 

Apesar de antigos e diversas vezes adaptados e substituídos, os pensamentos Keynesianos ainda hoje são alvos de estudos na academia e sob o âmbito da macroeconomia. 

Após os líderes mundiais terem buscado em Keynes uma forma de reconstruir as economias das nações após a Segunda Guerra Mundial, já no século XXI, a doutrina voltaria ao noticiário econômico. 

No ano de 2008, após a recessão que teve forte impacto, especialmente, nos Estados Unidos, o então presidente Barack Obama fez investimentos de centenas de milhões de dólares no mercado, para que o país sobrevivesse à crise. Ou seja, mais uma prova de que as teorias econômicas, em alguns casos, assumem características cíclicas. 

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